Você se lembra do Gigante? Aquele, que vivia lá no reino de cima, aonde ia o pé de feijão do João?
E dos dragões? E do Moby Dick?
O mundo simbólico que encontramos nas mitologias e também nos contos infantis mostram um fato interessante.
As figuras que representam os vilões, costumeiramente, são de um tamanho imenso, com bocas enormes.
É a típica aparência do pavor: é imenso, incontrolável e irá engolir tudo.
Um outro traço comum é quando, frente à ameaça, sem forças para fugir ou lutar, a resposta é congelar. É quando os personagens ficam azuis ou brancos, abrem muito a boca e olhos; mas não emitem nenhuma ação.
Este mundo só existe na fantasia porque o conhecemos em nosso universo íntimo; e desejamos muito que algo nos salve.
É comum nos sentirmos parados, congelados, de olhos arregalados.
Não estamos acostumados à clausura e dias de incerteza. Achamos que temos controle sobre a vida. Somos seres de fluxo e o freio de mão foi acionado.
Temos que aprender, em tempo ultra rápido, novas soluções para viver.
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Em momentos assim vem o pedido de ajuda com a pergunta frequente: o que posso fazer? Na realidade, gostaríamos mesmo de encontrar o botão de controle e cessar a dor.
O corpo pela sua natureza química, necessita movimentar-se. É, literalmente, dar serviço ao maquinário.
Você - e somente você - pode fazer por você.
Isso significa, direcionar um pouco do seu tempo, energia e dedicação para si mesmo, praticando pequenos exercícios de liberação emocional, respiração, meditação, movimentos livres corporais, jogos criativos de ressignificação.
Enquanto nos entregamos à atividade, o cérebro vai estabelecendo bioquímicas do bem estar; é preciso entender que este rearranjo químico é uma resposta natural e para que funcione é preciso que você se ponha em ação, para então experimentar o benefício da mudança.
A tendência do corpo é produzir os químicos necessários para enfrentar as crises do modo mais saudável possível; mas temos que deixar o marasmo, o desejo de fórmulas mágicas, a criança do conto infantil que deseja um herói.
Precisamos tomar nas nossas mãos, a responsabilidade e o compromisso pelo bem estar pessoal.
Desejamos uma anestesia forte, que nos leve para reino encantado. Mas o reino é por aqui mesmo e ações são o que contam.
Busque boas informações e se cuide bem.
Segue um exercício bem prático:
Material
Pegue duas folhas de papel.
Numa delas escreva o que te incomoda (medo , pavor, angústia, ansiedade , etc) escolha somente um ítem.
Na outra folha escreva um recurso. Recurso é algo que te faz sentir bem ( seu gato, uma cor, o colo da avó, uma música, etc ) escolha um item.
Preparação
Escolha um lugar no chão para colocar seu incômodo.
Escolha outro para colocar o recurso.
Deixe esta escolha de lugar fluir intuitivamente.
Prática
Entre, pise mesmo, no local onde está o recurso. Sinta o que acontece. Preste atenção no seu corpo. Vá "escaneando" suas sensações, fixando a memória de bem estar, de força que vem deste recurso.
O recurso é um ponto de força. Vá percebendo a sua fisiologia. Postura de pés ( ambos estão no chão igualmente?), a respiração ( está livre?), quais sentimentos?, etc...
Vá encontrando no seu corpo esta força.
Saia da posição.
Agora entre no lugar do incômodo. Sinta o que acontece. Preste atenção no seu corpo.
Perceba a fisiologia, onde está fraco ?, os sentimentos? etc...
Pode ser que vc queira sair. Tudo bem. Não se obrigue, respeite seu limite.
Volte lá na força. Tome a força.
Vá no incômodo. Repita.
Volte na força.
Vá percebendo como o incômodo vai perdendo potência, cada vez que você se conecta mais com o recurso. O gigante ameaçador já não é assim tão grande, não é?
Pare quando desejar.
Você pode repetir com outros incômodos. Brinque, jogue o jogo da ressignificação.
O objetivo destas ações de dedicação é que você possa mudar de um estado crítico para uma espaço interno mais saudável e leve, enquanto isso a tempestade passa e os gigantes ameaçadores voltam a dormir.
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