Estive fora por alguns dias, imersa em um momento maravilhoso de aprendizagem. Foi tão intenso que a sensação é de ter estado fora há semanas.
Hoje pela manhã me dediquei ao movimento de descanso e cuidado. Descansar nem sempre é ficar deitado; pode ser também, claro, se o corpo pede assim.
Mas para mim, foi o descanso no cuidar.
Fui cuidar da minha comida, da minha cadelinha, do almoço para o meu filho, de colocar uns cheirinhos na casa, de comprar legumes frescos, do meu jardim.
Enquanto estava ali, admirando as flores que gentilmente se oferecem pra enfeitar o quintal, conectei com a profundeza do elemento terra.
A Terra e a terra.
Esta Terra que sustenta a terra de onde tudo extraímos para nossa vida. Este solo, de onde o ser humano sentou-se para admirar e aprender o que o céu tinha para lhe ensinar.
A Terra que todos os dias e noites apóia para que a vida aconteça.
Na natureza da Tradicional Medicina Chinesa, não há um elemento mais importante do que o outro. São complementares, geradores e exercem controle saudável, de modo sistêmico, um sobre o outro e a esta dinâmica equilibrada chamamos saúde.
Então, a terra está no corpo.
É muito fácil perceber isso. Os alimentos sempre vêm da terra, ainda que seja de origem animal, pois antes, aquele animal também estava à se nutrir de algo proveniente da terra.
E, como terra que é, tem seus movimentos naturais que se espelham no nosso corpo e tem relação com ciclos da vida.
Há uma passagem bíblica que diz "... tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou..." ( Eclesiastes 3).
Na terapia BodyTalk isto se chama processo.
Há tempo para as coisas serem processadas, e é preciso que respeite-se este tempo. É um tempo de semear no solo que existe. Este solo pode estar mais preparado ou não, mas ainda assim, é o solo que é. Mais ou menos úmido, mais ou menos nutrido.
Por trás do que nomeamos energia, há muita ciência. Das antigas, muito antigas, quando o ser humano observava os ciclos da natureza e percebia o espelhamento no seu corpo e nas relações; até as ciências mais novas, como a Epigenética, que explica como você pode repetir o cacoete do seu tataravô. Está tudo escrito, delicadamente catalogado o seu corpo.
Voltando à terra... cuidando e pensando com a "mente da orquídea".
Ela está linda e viçosa, porque a origem é forte, a terra onde ela está é bem nutrida, recebe luz e água adequadamente, está num ambiente tranquilo e ainda por cima tem coleguinhas da mesma tribo por perto. Ela deve estar feliz.
Neste momento meditativo, na apreciação desta nutrição do elemento terra, em equilíbrio com os outros elementos da natureza, me dou conta de como venho naturalmente valorizando o que escolho como alimento. Passei a fazer uma nutrição inteligente, tanto pela comida como tal, como na integração de suplementos específicos. Observo que meu corpo está ficando mais inteligente e isso interfere naquilo que escolho para comer e na qualidade do meu sono e na qualidade do pensamento e nas respostas articulares muito melhores.
É isso mesmo e nesta ordem: primeiro a inteligência inata, depois o reflexo nas ações chamadas de escolha.
É muito interessante observar como o desejo por alimentos tóxicos, apenas vão diminuindo sem ofensa ao paladar.
Se eu fosse uma orquídea, o que eu comeria?
Como orquídeas não tem grandes emoções e fluxo desorganizado de pensamento, nem estão aborrecidas com a oscilação da bolsa de valores, ou a visita inconveniente, ela se alimenta do suficiente.
Muito da descompensação alimentar, é reflexo da descompensação do elemento terra, que também é afetado pela tipologia de pensamentos que a pessoa tem e pelo alto índice de preocupação/frustração com a vida.
Somos estimulados à superar a superação. Uma competição onde só vislumbro perdedor de saúde.
Aí a gente entende aquela super sobremesa ou a bebida alcoólica, que irá trazer uma onda de acalento quando a pessoa está chateada. É uma invasão de açúcares, traz mesmo uma dose de alegria, mas já já te joga na sensação de peso. Peso corporal e peso na alma.
Provavelmente porque o açúcar pegou a frustração pelo braço e foram fazer uma bagunça no pâncreas.
A vida moderna, ou modernosa, cheia de exigências, faz a gente pensar em como o eclipse poderá influenciar as relações, focar na corrida para o empreendimento mais lucrativo, mas não nos encaminha para perguntar porque a manteiga é cremosa.
Literalmente enfiamos goela abaixo um monte de informações, das notícias aos alimentos, que não temos a menor ideia de como foram produzidos, por quem e com quais intenções. Fake news são isso. Margarina também. E algumas modas.
E tudo isso vai mexer e está mexendo com a sua terra, com a sua saúde, com tudo que se comunica dentro do seu corpo.
Eu passei a dedicar um tempinho maior na seleção alimentar e economizei um dinheiro na farmácia. E ainda por cima estou aprendendo um monte de coisas bacanas sobre nutrição inteligente.
Um carinho com a minha terra, para que eu possa caminhar melhor pessoa sobre a Terra.
Imagina se eu colocasse uma bolinha de margarina na orquídea...
Ahá! eu não iria te deixar com a curiosidade sobre a cremosidade da manteiga.
" A maciez da sua manteiga está diretamente ligada à dieta da vaca... nos anos 1930, os produtores de laticínios acrescentaram farinha de semente de algodão e outros grãos... quando nos anos 1960, a indústria de laticínios passou a alimentar os animais principalmente com milho, soja e cereais "resolvendo" o problema da maciez... agora são necessários estudos científicos para reaprender o que já foi sendo comum: alimentação com capim produz uma manteiga melhor."
Fonte: A Vitamina K² e o paradoxo do cálcio. Kate Rhéaume-Bleue
Sei... eu também achava que manteiga era só laticínio, mas pelo jeito é milho com cara de vaca.
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